Mariana Carvalho
O dia 19 de setembro deste ano foi histórico para a ACASE: nessa data, começou a funcionar, na área externa do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), a Tenda do Acolhimento – programa que nasce com a missão de ser um recanto de descanso e consolo às pessoas em situação hospitalar. Essa história teve início em maio deste ano, quando o projeto foi proposto pela ACASE à Coordenadoria de Voluntariado do HMIB. Esta, juntamente com a direção geral do Hospital e a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, autorizou o trabalho de acolhimento.
Desde a inauguração até o dia 31 de outubro, já foram atendidas na Tenda do Acolhimento pouco mais de 30 pessoas, entre pacientes, familiares de enfermos internados e servidores do HMIB. O acolhimento leva, em média, 10 minutos e é conduzido por um voluntário da ACASE, que recebe o visitante, convida-o para se sentar e, em seguida, se coloca à disposição para ouvi-lo quanto às suas dores, angústias, medos e dificuldades.
Ákilla Rocha, de 27 anos, moradora da Estrutural e mãe de 4 filhos, foi uma das usuárias dos serviços da Tenda do Acolhimento. Ela buscou o espaço no dia 25 de setembro, após levar o filho de 7 anos a uma consulta no pronto-socorro do HMIB. “Meu filho está com um caroço na costela que não para de crescer. Eu me sentia aflita, nervosa e com muito medo naquele dia. Fui à Tenda, e o pessoal me acolheu com amor e carinho. Depois, continuaram em contato, perguntando do meu filho. Também nos visitaram em casa, levando cesta básica e oração”, conta Ákilla.
A experiência estendida vivida pela acolhida, com visita ao lar, é uma das marcas da Tenda do Acolhimento. A ACASE possui em sua estrutura o programa social Casa de Jairo, em que voluntários da entidade identificam, durante o acolhimento no hospital, a necessidade de um suporte social ao acolhido. Assim, é marcada uma visita à casa da pessoa – oportunidade em que são ofertados ao acolhido, além de um abraço e uma oração, itens como cesta básica, fraldas, remédios, vestuários para crianças, entre outros.
No mesmo dia do atendimento da jovem Ákilla, Jonata Erimar, de 23 anos, abrigou-se na Tenda do Acolhimento após sua filha, Maitê Lavine, nascer prematura na madrugada, pesando 600 gramas e lutando pela vida. Jonata, angustiado com a situação da filha, abriu o coração aos voluntários da ACASE e chorou seus medos. “Saí da Tenda um tempo depois com o coração em paz e com a sensação de que não estava mais sozinho, mas acompanhado de Deus e dos amigos da associação”, revela Jonata. Uma semana depois, Jonata e a esposa, já de alta hospitalar, também receberam a visita em casa de voluntários da associação e doações.
A Tenda do Acolhimento tem sido montada às quintas-feiras, das 7h às 12h da manhã, no canteiro de grama em frente à entrada principal do HMIB. A meta da ACASE é, até o final do ano, ampliar a presença no hospital para as manhãs das terças-feiras. Para 2025, os planos passam por disponibilizar o serviço da Tenda para todos os dias úteis da semana.
Shirley Araújo, uma das voluntárias do espaço, destaca como a Tenda do Acolhimento tem feito um trabalho importante, não só no amparo afetivo, espiritual e social, mas também na conscientização médica dos acolhidos. “Recebemos uma gestante na Tenda diagnosticada com depressão. Ela havia se consultado com a psiquiatra e não queria seguir as orientações médicas para tomar medicação. No acolhimento, nós a encorajamos a fazer o tratamento conforme indicado pela médica, fazendo o uso dos medicamentos prescritos. Ela saiu de lá convencida disso. Foi uma vitória”, conta Shirley.
Outro grupo que tem se beneficiado da Tenda do Acolhimento é o dos servidores do HMIB. Muitos deles têm procurado o espaço em busca de amparo emocional e oração. Especialista em Saúde-Administradora e servidora de carreira da Secretaria da Saúde, Sabrina Paiva Mourão valoriza o trabalho da ACASE no hospital: “A iniciativa da Tenda fortalece a cultura de acolhimento e cuidado integral, beneficiando toda a comunidade hospitalar”.
Esta é exatamente a meta da ACASE a partir da Tenda do Acolhimento: amparar e ajudar, de pertinho, a todos que, momentânea ou profissionalmente, estejam em situação hospitalar. Porque, para a Associação, como assinala a voluntária Shirley Araújo, “acolher é, acima de tudo, ‘estar perto de’.”