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O supremo conforto (por Emilio Garofalo Neto)

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Por Emilio Garofalo Neto*

Não tenho quase nenhuma experiência hospitalar enquanto paciente, e sei que há um tipo de conforto que é essencial. Vamos à minha trajetória: ao nascer, alguns dias na incubadora. Ao longo da infância e juventude, diversas idas ao Pronto-Socorro para suturas, talas e gessos. Pouquíssima experiência, porém, de ficar mesmo no hospital. Até hoje, quase cinquentenário, só passei uma única noite no hospital como paciente. Foi após uma simples cirurgia de hérnia, que já ocorreu aos 46 anos. Ou seja, não, não chego nem perto da imensa experiência que tantos enfrentaram ao longo da vida. Gente que conhece cada odor, cada apito, cada olhar de enfermeiros. Alguns que ainda na infância já tiveram de amadurecer e buscar conforto na realidade do cotidiano hospitalar.

Eu conheço pouco, mas nesse pouco percebi o quanto conforto é importante. Parafraseando o genial Sílvio Santos: quem quer conforto? Todos queremos. E no hospital nos faltam confortos simples de nosso lar. Claro, algo temos, mas não é a mesma coisa. Uma caminha confortável, calçados que não maltratem demais o pé. O conforto de uma noite bem dormida, de uma roupa de cama que não seja mais parecida com uma lixa do que com tecido. No hospital, tem o que dá para ter. Por vezes num bom quarto, outras vezes numa enfermaria, ou mesmo numa maca no corredor lotado. Como ficamos fragilizados, não? Aquelas roupinhas reveladoras, a falta de liberdade de movimento por causa do acesso intravenoso, a movimentação constante madrugada adentro, as dores e desconfortos de um procedimento cirúrgico, os muitos sintomas das inúmeras moléstias existentes neste mundo caído. 

Porém, conforto vai além de corpo. Diz respeito à alma também. Na fragilidade de se ver com o corpo exposto, de se submeter a uma anestesia geral e ser intubado, há conforto em saber o que se passa. Há conforto em conhecer ao menos um dos profissionais de saúde envolvidos. Há conforto em saber que alguém estará lá conosco na internação. Que outra pessoa vai ouvir as instruções médicas, vai chamar alguém caso a analgesia não esteja resolvendo. Conforto de almas que se cuidam unidas a nós no momento difícil.

Há um conforto, porém, que poucos têm: o espiritual. A tranquilidade de saber que estamos em mãos mais firmes que as de qualquer médico. Quando os israelitas estavam para entrar na terra prometida, Moisés lhes disse: “O Deus eterno é a tua habitação e, por baixo de ti, estende os braços eternos” (Dt 33.27). Moisés não entrou em Canaã. São várias as razões. E antes do povo seguir sem ele, lhes disse isso. Que coisa estranha de se dizer! Afinal, eles estavam indo para a terra em que por tantos anos sonharam habitar. Mas o patriarca lhes dá essa maravilhosa verdade: Vocês já estavam em casa. O Deus eterno é a vossa habitação, e nos segura com braços eternos. Isso sim é conforto. Braços de médicos, enfermeiros, familiares, por mais amorosos que sejam, se cansam; os braços eternos do Senhor, não. Esse conforto, você conhece? Os braços de Cristo se ergueram na cruz. E por causa disso, podemos descansar nos braços eternos de Deus. Sabe, assim mesmo fora do conforto do lar, num leito hospitalar, você estará habitando no conforto do amor divino.

*Texto originalmente publicado na coluna Lion Dias Padilha, da 6ª edição do Jornal da Acase (janeiro/fevereiro 2025)

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