As interpretações da vida (por Eleny Vassão)

Sua vida é 10% o que lhe acontece e 90% como você reage Por Eleny Vassão “…pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância… Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação… Tudo posso naquele que me fortalece”. Filipenses 4:11-13 As escolhas na vida: ceder e permitir que as crises ruins nos submerjam ou crescer e nos tornarmos mais resilientes em meio a elas. Não podemos evitar os problemas, mas podemos escolher como reagir. Ser feliz não é não levar a sério os seus sentimentos. Suas decisões a cada reação trazem consequências para o futuro. Você é a única pessoa que pode escolher como reagir. O impacto da ATITUDE na vida – é mais importante que o passado, a educação, o dinheiro, as circunstâncias, o sucesso. Mais que aparência e talentos. Sua atitude construirá ou quebrará sua vida 1. NÃO É FÁCIL PASSAR POR AFLIÇÕES! “Durante 3 anos, Saulo viveu em algum lugar do deserto, distanciado de seu antigo modo de viver, em solidão, silêncio e obscuridade. … há mais de 1000 dias inexplicáveis na vida de Saulo. Completamente só. Pensando. Orando. Em luta íntima. Ouvindo o Senhor. [ ] Estou convencido que foi ali, naquele lugar estéril e obscuro, que Paulo desenvolveu a sua teologia. Ele encontrou Deus íntima e profundamente. Em silêncio e sozinho, penetrou nos mistérios insondáveis da soberania, da eleição, da depravação, da divindade de Cristo, do poder da ressurreição, da igreja e das coisas futuras. Aquele foi um curso intensivo de 3 anos sobre a sã doutrina, do qual surgiria uma vida inteira de pregação, ensino e escritos. Mais que isso, foi ali que Paulo jogou fora seus troféus brilhantes e trocou seu currículo de credenciais religiosas para uma relação vibrante com o Cristo ressurreto. As mudanças ocorridas em seu íntimo são tão radicais que se descobre um homem diferente – muito mais profundo, mais observador, menos exigente – tudo por causa da lição aprendida na solidão, silêncio e obscuridade”.[1] “Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo”. Fp. 3:7,8 Ao lermos II Co. 1:8-10 e II Co. 11:23-30, vemos que Paulo falou sobre o seu sofrimento de maneira aberta e clara com os irmãos. 2. AS CERTEZAS EM MEIO ÀS INCERTEZAS A paz de espírito não depende da nossa força interior, ou do desenvolvimento emocional ou mesmo da mudança nas circunstâncias, mas de nosso relacionamento, conhecimento e confiança no Senhor: “Na verdade, não temos a menor capacidade de encontrar segurança por meio de nossos próprios esforços, encontrar por nós mesmos Aquele que deve ser a nossa Rocha; não, ele deve nos encontrar… “Deus elevar-me-á sobre uma rocha” (Sl. 27:5). O versículo não diz: “Eu encontrarei a rocha e subirei nela”. [1] 3. COMO REAGIR ÀS AFLIÇÕES PARA A GLÓRIA DE DEUS A vida cristã é vivida acima das circunstâncias. Pessoas alegres não dependem das coisas externas para serem felizes. Apreciam as coisas fundamentais, simples, o momento, o trabalho, a família. Se adaptam. Segredo: sua interpretação. “…as coisas que me aconteceram contribuíram para o progresso do Evangelho” Paulo era, simplesmente, feliz. Nenhuma das suas circunstâncias contribuiu para a sua alegria. Mas Paulo seguia o exemplo de Cristo que, mesmo perseguido e ferido, suportou a cruz com alegria, pois o Seu propósito era maior: a nossa salvação! Encontrar alegria em situações desafiadoras é a CHAVE para uma vida equilibrada. As pessoas mais felizes são as que encontram alegria nas pequenas coisas da vida. Apreciam cada momento, gratas por estarem vivas. Precisamos olhar para cada perseguição e sofrimento como OPORTUNIDADE de fazer Cristo conhecido, e fazer o melhor em cada situação. A alegria é a CHAVE para seguir adiante e manter a mente positiva e olhar otimista. É uma ESCOLHA. Não importa o que enfrentamos, podemos ver bênçãos nos detalhes e agradecer!“O Senhor o guiará constantemente; satisfará os seus desejos numa terra ressequida pelo sol e fortalecerá os seus ossos. Você será como um jardim bem regado, como uma fonte cujas águas nunca faltam”. Is. 58:11, NVI *** Eleny Vassão de Paula Aitken é Capelã Hospitalar desde 1983, nomeada pelo Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana. Iniciou seu ministério como capelã titular evangélica do Hospital das Clínicas (HC), onde atuou voluntariamente por 22 anos. Neste mesmo período, iniciou paralelamente as capelanias do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Hospital do Servidor Público do Estado e muitos outros, através de capelães preparados pela ACS – Associação de Capelania na Saúde. É formada em Artes Plásticas, Teologia e Mestre em Aconselhamento Bíblico pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida. Possui curso de especialização em Capelania em Cuidados Paliativos pela CSU/USA. Autora de mais de 40 livros. [1] TRIPP, Paul David. Abrigo no Temporal. Pág. 33 e 34. [1] Swindoll, Charles. Série Os heróis a fé. Paulo, um homem de coragem e graça. pag. 74
Companhia na luta (Por Renata N. Guimarães Brasil)

Por Renata N. Guimarães Brasil 13 de janeiro de 2025. “Sua mãe não está bem, não fala corretamente, não consegue formular uma frase…”, era a voz do meu pai do outro lado da linha. Como ela já havia sofrido dois AVCs nos últimos dois anos, pensei tratar-se de mais um. Em poucos minutos, cheguei à casa dos meus pais e fomos com minha mãe ao hospital. No trajeto, ela já não falava mais. Chegando ao hospital, já não respondia a qualquer comando médico. Seu olhar não fixava em lugar nenhum. Ela fez todo o protocolo de atendimento para AVC. Exames negativos, isto é, não era AVC. Os médicos não tinham um diagnóstico e precisavam investigar de forma minuciosa. “O que estava acontecendo com minha mãe?”, eu pensava. Pelo quadro e pela idade, ela foi encaminhada para a UTI. Naquela madrugada, eu saí do hospital em frangalhos! Chorava copiosamente! Senti, literalmente, uma dor no peito causada pela tristeza, angústia, aflição… deixar minha mãe naquela situação e ir para casa me maltratava em diversos níveis. E sabe o que muito me assustava? É que foi tudo de uma hora para a outra! Você deve estar se perguntando se descobriram o que minha mãe tinha. Sim, descobriram e trataram, mas foram meses difíceis. Tivemos algumas intercorrências pelo caminho e restaram poucas sequelas. Graças a Deus, hoje, ela está bem e em casa. Mas o que eu quero te dizer com tudo isso? Duas coisas. A primeira: Deus não me deu explicações em meio ao meu sofrimento. E, talvez, nunca me dê neste plano terrestre. Mas Deus veio a mim através de pessoas que oravam por nós e através de abraços silenciosos que fortaleciam a minha fé. Quem de nós, na pior tempestade que já viveu, precisou de algo mais importante do que companhia? Alguém que segure em nosso ombro e enxugue as nossas lágrimas. Segunda coisa: minha fé precisava estar firmada no caráter do próprio Deus e não naquilo que Ele poderia fazer pela minha mãe. Eu sei, parece uma contradição deixar qualquer terrível situação nas mãos do Senhor e dizer que não entendemos, não gostamos, mas que tudo bem. Porém, querido leitor, ou estamos seguros nos braços de Deus, ou não estamos. Ou confiamos em Deus, ou pensamos que estamos à mercê do acaso. Não há um meio termo. Do mesmo modo como eu tive de encarar a pergunta “por que com minha mãe, Senhor?”, talvez, você também viva algo semelhante. Mas Deus está dizendo: confie em mim! Veja, se Deus não tivesse salvado a vida da minha mãe e se Deus não responde a você como você deseja, o que acontece com a nossa fé? Pessoas ao nosso redor, talvez, digam que Deus não nos ama. O mundo diz que Deus não nos vê, mas as Escrituras dizem algo bem diferente. Não quero ser simplista, mas a fé cristã lida de frente com a questão do sofrimento. Em todo o tempo, Deus vem a mim e a você e diz: “aquieta-vos! Estou convosco!”. Se, de fato, cremos que Ele nos ama, então confiamos nele. O sofrimento é um mistério, mas eu posso te dizer: não sei pelo que você está passando, mas conheço aquele que sabe. Deus nos ama. Não estamos à deriva.
O servo perfeito (por Rafael Pacios de Andrade)

Por Rafael Pacios de Andrade No Cenáculo, noite da Última Ceia, levanta Jesus da mesa, toma uma toalha, deita água na bacia e passa a lavar e a enxugar os pés de seus discípulos. Cenáculo. Andar superior, mesa de refeição. Cristo serve pão e vinho. Esclarece. Aqueles eram os símbolos do seu próprio corpo; carne e sangue como libação. Oferta máxima, definitiva. Sua própria vida será servida como sacrifício: objeto de escárnios, espinhos, açoites e pregos. Vinagre. Noite da Última Ceia. Fatídicas horas. A humanidade em xeque. Decisão. O Deus-feito-homem prestes a enfrentar o excruciante calvário. A balança da história a oscilar. Uma abundante condenação tornar-se-ia uma superabundante salvação. Mas este é apenas o panorama universal. Há também muita dor íntima, particular, pessoal. Ele perderá os seus amigos e a sua família. Terá de deixar a mãe. É a última refeição do condenado que pagará pelo que não fez, castigado pelos erros de civilizações inteiras. Mas escolhe servir. Está a contemplar gente de todos os povos, tribos, línguas e nações. Tal serviço exigirá absolutamente tudo de si. Levanta e toma uma toalha. Ao colocá-la em volta da cintura, adota a tipicidade de um criado. É o eterno EU SOU, mas se coloca na base da pirâmide. Uma parte da tradição defendia que nem mesmo escravos judeus poderiam lavar os pés, sendo tal tarefa reservada aos escravos gentios. Diante da perplexidade de homens simples, se esvazia por completo. No momento da maior fraqueza, o maior serviço. Lava e enxuga os pés dos discípulos. Demonstra que seu amor persistente a tudo abraça: abrange todas as camadas sociais e revolve todos os aeons. Seu amor está à frente, na cruz, mas também antes, no lava-pés, que antecipa a cruz. Por isso, “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim”. Igualmente serve quem poderia ser tomado como adversário: lava os pés do Iscariotes. Prova que o puro serviço não rejeita nem mesmo os algozes, tampouco os traidores. Seu serviço não faz acepções de cor, credo, nacionalidade, histórico, opinião nem de qualquer categoria ou divisão produzida pelos homens. Seu serviço a todos acolhe. Um Senhor. Exemplo vivo, real, prático, do que nos pede. Tudo o que fazemos pelos necessitados, fazemos a Ele. Servir a Deus significa servir às pessoas. Encoraja-nos a servir com um coração sincero que reflete Sua graça e compaixão. E nos capacita para isso ao conceder dons e ir conosco no Seu Espírito. O serviço cristão é estilo de vida, é sal, é luz, é inspiração para outros, é colocar as necessidades do próximo acima das nossas, é tornar-se mais semelhante a Jesus, é amar sem esperar retorno, é espalhar esperança, é ouvir com atenção, é oferecer sorrisos, é abençoar sem medida, é mergulhar em águas turbulentas, é doar sem medo, é ser instrumento da verdade, é ir atrás da ovelha perdida, é receber o filho pródigo, é abraçar o desconhecido, é andar a segunda milha, é impactar o mundo, é testemunhar com ações, é lavar os pés da humanidade. É manifestar o amor de Deus. *Texto originalmente publicado na coluna Lion Dias Padilha, da 7ª edição do Jornal da Acase (março/abril 2025)
O supremo conforto (por Emilio Garofalo Neto)

Por Emilio Garofalo Neto* Não tenho quase nenhuma experiência hospitalar enquanto paciente, e sei que há um tipo de conforto que é essencial. Vamos à minha trajetória: ao nascer, alguns dias na incubadora. Ao longo da infância e juventude, diversas idas ao Pronto-Socorro para suturas, talas e gessos. Pouquíssima experiência, porém, de ficar mesmo no hospital. Até hoje, quase cinquentenário, só passei uma única noite no hospital como paciente. Foi após uma simples cirurgia de hérnia, que já ocorreu aos 46 anos. Ou seja, não, não chego nem perto da imensa experiência que tantos enfrentaram ao longo da vida. Gente que conhece cada odor, cada apito, cada olhar de enfermeiros. Alguns que ainda na infância já tiveram de amadurecer e buscar conforto na realidade do cotidiano hospitalar. Eu conheço pouco, mas nesse pouco percebi o quanto conforto é importante. Parafraseando o genial Sílvio Santos: quem quer conforto? Todos queremos. E no hospital nos faltam confortos simples de nosso lar. Claro, algo temos, mas não é a mesma coisa. Uma caminha confortável, calçados que não maltratem demais o pé. O conforto de uma noite bem dormida, de uma roupa de cama que não seja mais parecida com uma lixa do que com tecido. No hospital, tem o que dá para ter. Por vezes num bom quarto, outras vezes numa enfermaria, ou mesmo numa maca no corredor lotado. Como ficamos fragilizados, não? Aquelas roupinhas reveladoras, a falta de liberdade de movimento por causa do acesso intravenoso, a movimentação constante madrugada adentro, as dores e desconfortos de um procedimento cirúrgico, os muitos sintomas das inúmeras moléstias existentes neste mundo caído. Porém, conforto vai além de corpo. Diz respeito à alma também. Na fragilidade de se ver com o corpo exposto, de se submeter a uma anestesia geral e ser intubado, há conforto em saber o que se passa. Há conforto em conhecer ao menos um dos profissionais de saúde envolvidos. Há conforto em saber que alguém estará lá conosco na internação. Que outra pessoa vai ouvir as instruções médicas, vai chamar alguém caso a analgesia não esteja resolvendo. Conforto de almas que se cuidam unidas a nós no momento difícil. Há um conforto, porém, que poucos têm: o espiritual. A tranquilidade de saber que estamos em mãos mais firmes que as de qualquer médico. Quando os israelitas estavam para entrar na terra prometida, Moisés lhes disse: “O Deus eterno é a tua habitação e, por baixo de ti, estende os braços eternos” (Dt 33.27). Moisés não entrou em Canaã. São várias as razões. E antes do povo seguir sem ele, lhes disse isso. Que coisa estranha de se dizer! Afinal, eles estavam indo para a terra em que por tantos anos sonharam habitar. Mas o patriarca lhes dá essa maravilhosa verdade: Vocês já estavam em casa. O Deus eterno é a vossa habitação, e nos segura com braços eternos. Isso sim é conforto. Braços de médicos, enfermeiros, familiares, por mais amorosos que sejam, se cansam; os braços eternos do Senhor, não. Esse conforto, você conhece? Os braços de Cristo se ergueram na cruz. E por causa disso, podemos descansar nos braços eternos de Deus. Sabe, assim mesmo fora do conforto do lar, num leito hospitalar, você estará habitando no conforto do amor divino. *Texto originalmente publicado na coluna Lion Dias Padilha, da 6ª edição do Jornal da Acase (janeiro/fevereiro 2025)