Por Renata N. Guimarães Brasil
13 de janeiro de 2025. “Sua mãe não está bem, não fala corretamente, não consegue formular uma frase…”, era a voz do meu pai do outro lado da linha. Como ela já havia sofrido dois AVCs nos últimos dois anos, pensei tratar-se de mais um. Em poucos minutos, cheguei à casa dos meus pais e fomos com minha mãe ao hospital.
No trajeto, ela já não falava mais. Chegando ao hospital, já não respondia a qualquer comando médico. Seu olhar não fixava em lugar nenhum. Ela fez todo o protocolo de atendimento para AVC. Exames negativos, isto é, não era AVC. Os médicos não tinham um diagnóstico e precisavam investigar de forma minuciosa. “O que estava acontecendo com minha mãe?”, eu pensava. Pelo quadro e pela idade, ela foi encaminhada para a UTI.
Naquela madrugada, eu saí do hospital em frangalhos! Chorava copiosamente! Senti, literalmente, uma dor no peito causada pela tristeza, angústia, aflição… deixar minha mãe naquela situação e ir para casa me maltratava em diversos níveis. E sabe o que muito me assustava? É que foi tudo de uma hora para a outra!
Você deve estar se perguntando se descobriram o que minha mãe tinha. Sim, descobriram e trataram, mas foram meses difíceis. Tivemos algumas intercorrências pelo caminho e restaram poucas sequelas. Graças a Deus, hoje, ela está bem e em casa.
Mas o que eu quero te dizer com tudo isso? Duas coisas. A primeira: Deus não me deu explicações em meio ao meu sofrimento. E, talvez, nunca me dê neste plano terrestre. Mas Deus veio a mim através de pessoas que oravam por nós e através de abraços silenciosos que fortaleciam a minha fé. Quem de nós, na pior tempestade que já viveu, precisou de algo mais importante do que companhia? Alguém que segure em nosso ombro e enxugue as nossas lágrimas.
Segunda coisa: minha fé precisava estar firmada no caráter do próprio Deus e não naquilo que Ele poderia fazer pela minha mãe. Eu sei, parece uma contradição deixar qualquer terrível situação nas mãos do Senhor e dizer que não entendemos, não gostamos, mas que tudo bem. Porém, querido leitor, ou estamos seguros nos braços de Deus, ou não estamos. Ou confiamos em Deus, ou pensamos que estamos à mercê do acaso. Não há um meio termo.
Do mesmo modo como eu tive de encarar a pergunta “por que com minha mãe, Senhor?”, talvez, você também viva algo semelhante. Mas Deus está dizendo: confie em mim! Veja, se Deus não tivesse salvado a vida da minha mãe e se Deus não responde a você como você deseja, o que acontece com a nossa fé? Pessoas ao nosso redor, talvez, digam que Deus não nos ama. O mundo diz que Deus não nos vê, mas as Escrituras dizem algo bem diferente. Não quero ser simplista, mas a fé cristã lida de frente com a questão do sofrimento. Em todo o tempo, Deus vem a mim e a você e diz: “aquieta-vos! Estou convosco!”.
Se, de fato, cremos que Ele nos ama, então confiamos nele. O sofrimento é um mistério, mas eu posso te dizer: não sei pelo que você está passando, mas conheço aquele que sabe. Deus nos ama. Não estamos à deriva.